Cartão de Aplicador vs Lista de substâncias ativas homologadas para uso não profissional
- umdesertoaflorir
- 1 de fev. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de fev. de 2019
Em meados de 2016 houve um pico de adesões aos cursos de formação de aplicador de produtos fitofarmacêuticos com aplicação manual ou mecanizada. Os agricultores foram obrigados a ter esta formação, onde se informava-se sobre proteção integrada, agricultura em modo biológico, doses, concentrações, débitos, modos de aplicação, interpretação de rótulos, gestão de resíduos, uso e função dos equipamentos de proteção individual (EPI's) os famosos fatos verdes ou brancos, como muitos lhes chamavam, para poderem comprar fitofármacos nas casas comerciais ou cooperativas e associações.
O que para muito gerou revolta na obrigação do cartão onde mencionavam que era tudo "interesses" por parte de quem vendida a formação e os EPI's, para outros foi a oportunidade do regresso a uma sala de aula para tirem as suas dúvidas de vários anos e aprenderem a economizar na carteira: muitos deles ainda vinham com a "ideia da tampinha" e verificaram no final do curso que estavam as gastar mais produto e água para a área e cultura a tratar.

De uma forma geral todos os agricultores que necessitassem de produtos fitofarmacêuticos teriam de apresentar ou o comprovativo da inscrição ou o cartão de aplicador ou o comprovativo da emissão deste mesmo, para obter junto das casas representativas aumentando assim a necessidade da compra dos EPI's e dos sacos para os resíduos.
Mas há um nicho que "agricultores" das hortas, hortinhas e quintais que na maioria das vezes praticam uma agricultura de subsistência ou, até mesmo para quem cuida de jardins que ignorou esta medida e continuaram a usar os produtos fitofarmacêuticos para jardins que por sinal são até três vezes mais caros que os outros adquiridos com cartão.

Mas o verdadeiro problema não é aonde estas pessoas compram mas sim, a forma como aplicam. Adquirem um produto já pronto a usar e usam-o em tudo tanto na horta, como no seu jardim muitos deles sem EPI's, no pico do calor, sem interpretar o rótulo e sem a informação sobre a toxidade de determinadas substâncias ativas provocam no nosso organismo por inalação ou ingestão. Ou seja, sem formação.
E a informação que temos na Internet por parte das entidades que regulam esta temática é uma lista de substâncias ativas homologadas para o uso não profissional. Ou seja, qualquer cidadão pode aplicar numa horta ou até mesmo num canteiro, as vezes que entender que nesta temática: "Vamos lá colocar mais um pouquinho disto porque assim mata o bicho todo" e depois há casos de fitotoxidade, substâncias ativas lixiviadas e acumulação de fitofármacos no organismo que potenciam problemas de saúde no futuro. E o pior não há um caderno de campo com os registos de aplicação e o modo de aplicação ou até mesmo o respeito de intervalo de segurança. Sim, Intervalos de Segurança... Sabem o que é? Quem não sabe interpretar o rotulo só está a intoxicar-se a si próprio e aos outros.
Os agricultores foram "obrigados" a obter o cartão e a voltar as salas de aulas.
Por um lado temos os agricultores que aprenderam tudo o que sabem com os seus ascendentes e foram evoluindo com a nova legislação e formação sobre Proteção Integrada, Agricultura Biológica, Cálculos de doses e Débitos por hectare e culturas.
Por outro temos os "agricultores de fim de semana ou de fundo de quintal" que ignoraram a legislação, pagam mais pelos produtos e estragam o ambiente e a saúde de todos nós.
Sim, mas estes não comercializaram ?
É para casa, certo?
São só legumes lá de casa?
E quando não é ?
É produção primária e saúde pública. Daí a importância de saber bem onde e como foi produzido, para quem e como vai ser vendido. Para haver segurança alimentar as rastreabilidade a montante e a jusante.
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