Uma nova tendência alimentar?
Podemos incluir na nossa dieta mediterrânea?
Não estou a referir-me à falta de higiene e segurança alimentar, mas sim a mencionar uma futura tendência alimentar. Há civilizações que se alimentam de artrópodes o que não seria de estranhar, e com consequência da globalização e industrialização, alimentamos de insetos em fresco ou transformados em farinhas, barras energéticas, massas, etc.
Mas porque que há tanta resistência no nosso quotidiano fase a novos hábitos alimentares?
Em primeiro, há um enorme aumento da população mundial que consequente potenciou a necessidade de procura de novos alimentos levando à sobreexploração de recursos naturais. Ou seja, há mais bocas para serem alimentadas num planeta que sofre exponencialmente de problemas como as alterações climáticas. Todos os dias somos informados do número de pessoas que morrem à fome, por falta de serviços médicos, fenómenos ambientais inexplicáveis, fogos florestais que levam à diminuição de área útil agrícola, etc. A lista de problemas é interminável.
Mas vemos noutras civilizações hábitos alimentares peculiares (insetos no prato em países ocidentais) e pensamos talvez seja uma solução ou alternativa à carne, ao peixe e até aos vegetais.
Há milhões de espécies de artrópodes e estes podem ser a chave para um regime alimentar mais ecológico que a agro-pecuária, evitando o sobrecarregamento dos oceanos ou produção agrícola intensiva. Mas para alimentar quase 7 biliões de pessoas é urgente aliar o passado com o futuro, ou seja, a inovação na indústria alimentar.
O ciclo de vida de um inseto é muito mais curto que uma vaca, correlacionamos dias com meses. Para além disso a sua reprodução é maior (maior número de indivíduos) em menor área que a pecuária. E o impacto ambiental é mais baixo o que se torna interessante aliado ao elevado teor de proteínas, vitaminas (complexo B) e sais minerais (Zinco, Ferro e Cálcio).
Solucionar os problemas da fome e da escassez de recursos naturais são metas para a indústria alimentar
Mas é necessária aceitação da população em geral assim como a legislação ao nível de saúde pública. Há muitas restrições sobre o ponto de vista de segurança alimentar fase aos “pequenos bichos”.
Como são produzidos?
Que espécies podemos ou não comer?
Como vamos cozinhar?
Se cozinhamos a uma dada temperatura irá eliminar a sua toxidade?
Arranjamos os insetos como limpamos o peixe fresco?
E o exosqueleto deve ser retirado como os camarões?
Estará o nosso organismo preparado para este tipo de “alimento”?
Será uma alternativa alimentar a celíacos?
Será uma solução fase a doenças crónicas?
E a dieta mediterrânea irá perpetua-se nas gerações seguintes com tanta inovação alimentar?
São perguntas que suscitam ainda mais dúvidas e resistência.
Por outro lado, e atualmente há empresas dedicadas à produção de farinhas de insetos para a nutrição animal destinados aos animais de grande porte e de companhia.
Mas e os Humanos?
Estaria disposto a comer no seu pequeno-almoço um pão feito de farinha de inseto?
Ou em vez de marisco (peixe) usar coleópteros acompanhar o arroz?
Para esclarecer estas dúvidas a solução será uma maior abordagem ao público em geral divulgando estudos nutricionais, estudos sobre a ausência de risco para a saúde pública e claro a autorização da comercialização destes novos alimentos em território europeu.
Segundo o Portugal Insect “ainda não foi autorizada a comercialização de qualquer espécie de inseto para alimentação humana pela Comissão Europeia, desta forma, não é permitida a sua revenda em Portugal.”
Como Fernando Pessoa citou: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Ainda estamos na fase do estranhar.
Referência:
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